09032019
Primeiras Impressões VW T-Cross 250 TSI Highline: Base de Polo, alma e (preço) de Golf
Versão topo de linha do T-Cross agrada pelo desempenho, mas cobra por isso
Quando dirigimos o T-Cross ainda camuflado, em outubro, dissemos que o inédito SUV compacto da Volkswagen tinha força para liderar. Faltava, no entanto, saber preços, versões e como ele se comportaria nas ruas. Último a chegar no segmento mais disputado dos últimos tempos, o T-Cross precisa se diferenciar dos concorrentes, satisfazer compradores da mesma faixa do Golf e, além disso, não invadir o espaço do futuro irmão maior Tarek. Será que consegue consegue dar conta do recado? Para buscar essas respostas, dirigimos a versão topo de linha, 250 TSI Highline, por estradas e áreas urbanas entre o Paraná e Santa Catarina.
O que é?
Concorrente de Hyundai Creta, Honda HR-V, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Ford EcoSport, Chevrolet Tracker e até do Citroen C4 Cactus, o T-Cross aposta na tecnologia, itens de série e qualidade de construção para se diferenciar. Construído sobre a versátil plataforma MQB A0, ele tem o mesmo entre-eixos de 2.651 mm do Virtus. Isso significa que, mesmo sendo menor que os concorrentes (mede 4.199 mm de comprimento), o SUV da VW oferece bom espaço interno. Os motores são sempre turbo: 1.0 TSI (128 cv e 20,4 kgfm) e 1.4 TSI (150 cv e 25,5 kgfm). O câmbio é sempre automático de 6 marchas, exceto pela versão de entrada manual.
O acabamento interno segue o mesmo padrão do Polo, o que significa muito plástico rígido e nada de espuma injetada. O desenho do painel é legal, com linhas horizontais e uma faixa central que muda a cor conforme a pintura da cabine. O toque moderno fica por conta da grande tela da central multimídia (8 polegadas) e do painel de instrumentos digital (10,2 polegadas). O volante é o mesmo de sempre, mas pelo menos a alavanca do câmbio é nova, trazida da Alemanha. O ar-condicionado é digital, de uma zona, e tem saída para os bancos traseiros. Nesta era conectada, entradas USB no console e mais duas para os passageiros de trás são bem vindas. A alavanca de freio de estacionamento destoa de uma proposta mais moderna.
Não vou entrar no mérito de comparação entre os concorrentes agora, pois faremos isso em breve com os demais modelos, mas posso adiantar que o Honda HR-V, mesmo com seu painel analógico, transmite mais requinte para o motorista.
No visual, o T-Cross cumpre bem seu papel, principalmente ao vivo. Particularmente prefiro as cores mais escuras, como este de pintura azul das fotos, pois, na minha opinião, harmoniza melhor com a lanterna escurecida que invade toda a tampa do porta-malas. Por falar nela, a parte central tem apenas função reflexiva (não acende). Também deixa menos chamativas as proteções de plástico da caixa de rodas e laterais. A dianteira é robusta com a grade tipo escama, faróis full LED (opcionais) e a luz de condução diurna (DRL) também em LED em todas as versões.
De série desde a versão de entrada, o T-Cross vem equipado com controle de estabilidade (ESC), seis airbags, freios a disco nas quatro rodas, bloqueio eletrônico do diferencial (XDS+), direção elétrica, ajuste de altura e profundidade do volante, assistente para partida em rampas (Hill Hold), sensores traseiros de estacionamento, sistema ISOFIX, faróis com função “Coming & Leaving home”, faróis de neblina com função “cornering”, lanternas traseiras em LED, banco dianteiro do passageiro com encosto rebatível, suporte para smartphone com entrada USB para carregamento, travas e vidros elétricos e volante multifuncional.
Como anda?
Diferentemente do circuito travado da pista da Fazendo Capuava onde andei com o T-Cross camuflado, meu contato desta vez foi dividido em dois dias. No primeiro, um generoso percurso de 200 quilômetros em estrada. Fomos desde a fábrica de São José dos Pinhais (PR) até Balneário Camboriú (SC), enquanto no segundo rodamos em percursos urbanos.
Embora a posição de dirigir seja apenas 48 mm mais alta (ponto H) que a do Polo, a sensação é de que o banco ficou bem mais alto (mesmo ajustando no nível mínimo). A ergonomia é bem acertada, com ajuste de altura e profundidade do volante. O acesso a todos os comandos é fácil e nada fica escondido. A visibilidade é boa, tanto a lateral quanto traseira. Como citei antes, os pontos que destoam na cabine ficam por conta do volante (igual de todos os outros modelos da VW) e do plástico rígido no painel e portas. Atrás, três pessoas conseguem viajar com conforto, com ótimo espaço para as pernas e túnel muito baixo que não incomoda.
Na estrada, o T-Cross 1.4 TSI confirma as impressões iniciais. Pesando apenas 1.290 kg, sobra disposição do motor. É um carro rápido e isso é bem legal em se tratando de um SUV. Basta chamar o acelerador e ver a velocidade subir rapidamente (viajamos com três pessoas e bagagem). A VW diz que a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 8,7 segundos, ou seja, desempenho de Golf. Na estrada, com velocidade constante a 120 km/h, chamou a atenção o bom isolamento acústico e a estabilidade, mesmo com a suspensão voltada para o conforto, como no Virtus. Entrar rápido em curvas com carros mais altos como este não é uma tarefa recomendada, mas o T-Cross oferece bom equilíbrio e transmite segurança, com pouca inclinação da carroceria.
Parte do segredo da boa estabilidade está no XDS+ (bloqueio eletrônico do diferencial), que de forma integrada ao controle eletrônico de estabilidade (ESC), melhora o comportamento dinâmico do carro. Ele atua por meio de intervenções seletivas nos freios das rodas internas às curvas nos dois eixos e permitindo transferir o torque disponível do motor para a roda dianteira externa. O resultado é uma dirigibilidade mais precisa, com maior tração e agilidade nas curvas.
É, sem dúvida, um SUV com mais “chão” que a maioria dos concorrentes, mas obviamente não espere o mesmo comportamento de um hatch médio. Outro ponto de destaque fica por conta dos freios, eficientes, e que indicam precisar de pouco espaço até a parada total, mas isso é uma prova a ser medida em nosso teste instrumentado que faremos em breve.
Na cidade, observei o bom acerto da direção elétrica: leve nas manobras e que ganha peso progressivamente. Assim como no Golf e Jetta, é possível alterar os modos de condução. Faltou, no entanto, o recurso “roda livre” no modo Eco para economizar combustível.
Ponto questionável é o porta-malas com capacidade de 373 litros, pouco para o segmento. Como forma de amenizar, a T-Cross tem um sistema que aumenta a capacidade para 420 litros por meio da inclinação do encosto do banco traseiro, mas ele fica um tanto vertical e atrapalha os ocupantes. Ao menos, é possível fazer isso parcialmente com a configuração 60/40 do encosto.
Quanto custa?
Base de Polo, motor e preço de Golf. É fato que o T-Cross é um SUV muito bem equipado, seguro, com bom desempenho e econômico. No entanto, tudo isso fez a Volkswagen mirar em praticamente um concorrente em questão de preço: o Honda HR-V, inclusive considerando a futura versão Touring com motor turbo.
Isso significa que a versão mais barata, a 200 TSI com motor 1.0 turbo e câmbio manual de seis marchas, chega por R$ 84.990. A questão é que a imensa maioria dos consumidores deste segmento deseja o câmbio automático, e para isso é preciso desembolsar quase R$ 10 mil extras, ou R$ 94.490. Nesta configuração, o SUV ganha piloto automático e central multimídia Composition Touch com tela de 6,5 polegadas.
A versão intermediária é mais recheada. Batizada de Comfortline 200 TSI Automática, custa R$ 99.990 e adiciona ar-condicionado digital, banco do motorista com ajuste da lombar, câmera de ré, rodas de liga leve de 17" e pneus 205/55, porta-malas com sistema de ajuste variável de espaço, sistema de frenagem automática pós-colisão, sensor de estacionamento traseiro e dianteiro, e volante multifuncional revestido em couro com paddle-shift.
Para quem prefere mais desempenho, a opção é o T-Cross Highline 250 TSI Automático. Por R$ 109.990 entra em cena o motor 1.4 turbo, iluminação ambiente em LED, sistema start-stop, bancos revestidos em couro e detector de fadiga do motorista.
Pacotes Opcionais para o VW T-Cross
Não achou suficiente? A VW oferece alguns pacotes opcionais para deixar o T-Cross mais equipado.
O primeiro é o pacote Interactive I (R$ 1.750), disponível para o T-Cross 200 TSI, que adiciona sistema de som Composition Touch com App-Connect, dois alto-falantes adicionais (além dos quatro de série) e App-Connect, câmera de ré e sensores dianteiros de estacionamento (sensores traseiros são de série).
Para o T-Cross 200 TSI Automático, o pacote opcional é o Interactive II (R$ 1.590) que inclui câmera de ré e sensores dianteiros de estacionamento, além de espelhos retrovisores externos com rebatimento elétrico.
A versão intermediária, T-Cross 200 Comfortline, tem quatro pacotes opcionais. O primeiro é o Exclusive & Interactive (R$ 3.950), que inclui sistema de infotainment “Discover Media” com navegador via satélite, tela de 8 polegadas, comando por voz e entrada USB no console central; iluminação ambiente em LED; seletor do modo de condução; sistema KESSY de abertura das portas sem chave e partida do motor por botão; espelhos retrovisores externos com rebatimento elétrico e tapetes adicionais de carpete.
O segundo é o pacote Sky View II (R$ 4.800) que adiciona o teto solar panorâmico, espelho retrovisor interno eletrocrômico e sensores de chuva e crepuscular.
O terceiro pacote é o Design View (R$ 1.950) que adiciona bancos de couro com detalhes na cor “Marrakesh Brown” e apliques decorativos no painel com detalhes na cor bronze namíbia.
O quarto pacote, Premium (R$ 6.050), adiciona o Park Assist 3.0, faróis full-LED com luz de condução diurna em LED e sistema de som “Beats” com subwoofer.
A versão topo de gama é única que pode ter o painel digital. Para o T-Cross 250 TSI Highline, a VW oferece o pacote Innovation (R$ 4.000), que adiciona o Active Info Display, sistema de som “Discover Media” com navegador via satélite, tela colorida de 8 polegadas, comando por voz e entrada USB no console central e o seletor de modo de condução. Também é possível incluir o teto solar panorâmico de forma independente por R$ 4.800. Para finalizar, há o pacote Tech&Beats (R$ 6.050) que adiciona Park Assist 3.0, faróis full-LED com luz de condução diurna em LED; e o sistema de som “Beats” com subwoofer.
Conclusão
O T-Cross é um SUV que vai colocar a VW no jogo. Seu visual agrada, tem bom nível de equipamentos e o conjunto mecânico é eficiente. Os pecados estão no preço inicial da versão com câmbio automático, porta-malas limitado e falta de material emborrachado no painel. Rechear com todos os opcionais? Deve ser algo tão raro quanto encontrar a versão de entrada manual. Considerando a versão mais completa, fãs de Golf podem até curtir o desempenho e a tecnologia, mas não terão a mesma dinâmica e acabamento refinado. Agora é aguardar pelo lançamento da versão equipada com motor 1.0 para ver o quanto o T-Cross irá efetivamente balançar o segmento.
Ficha Técnica - VW T-Cross 1.4 TSI Highline 2019
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.395 cm³, injeção direta, turbo |
POTÊNCIA/TORQUE | 150 cv a 5.000 (G)/4.500-6.000(E) - 25,5 kgfm de 1.500 a 3.800 rpm (G)/1.500 a 4.000 rpm(E) |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de 17" com pneus 205/55 R17 |
FREIOS | discos ventilados nas rodas dianteiras e disco sólidos nas traseiras com ABS, ESP, EDS, ASR, XDS |
PESO | 1.292 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.199 mm, largura 1.760 mm, altura 1.977 mm, entre-eixos 2.651 mm |
CAPACIDADES | tanque 52 litros; porta-malas 373/420 litros |
PREÇO | R$ 109.900 |
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